Podia aqui desfazer-me elogios. Mas não o vou fazer. Não é preciso.
Para mim e para todos os meus colegas foi um enorme prazer e um grande privilégio trabalhar e aprender (aprender muito, muito mesmo) com o MESTRE TORCATO ( O TORCATÃO, como carinhosamente lhe chamávamos n' A Capital).
Foi um grande jornalista. Um mestre. Um professor. Mas era também um grande homem.
Confesso que adorava provocá-lo. Picá-lo. Contradizê-lo. Pois sabia que era um homem de convicções e reacção forte e tempestuosa, que nunca mudava de opinião. Gostava de o ouvi-lo insultar-me sem nunca me ofender. O Torcatão era assim. Violento mas meigo ao mesmo tempo. Duro mas doce. Professor e pai.
Nunca me vou esquecer das horas que passei com ele e com o João Mesquita a corrigir um texto meu. «João Mesquita, fecha-me essa merda (a página)... amanhã não haverá jornal e o senhores leitores não lerão», gritava furiosamente o Torcato para um impávido e sereno João Mesquita que, de cigarro na boca e mão no rato, insistia em reler o texto pela centésima vez, ponto a ponto. Virgula a virgula.
Um dia, depois de mais um fecho atribulado, Torcato explicava que as palavras no calor das últimas páginas não era levar a sério. «Não liguem ao que se diz à hora de fecho». Nem era preciso dizer.
O Torcato era um bom homem.
Já temos saudades!
OBRIGADO TORCATO!
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2 comentários:
Obrigada Bruno! Pelo texto, pelas recordações.
Não tens de agradecer. Foi sentido. Foi o que sentimos.
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