terça-feira, 25 de novembro de 2008

O método do "pelo menos"

E por falar em trabalho - não tão agradável como o da Triumph -, falemos da Casa Pia.
Por razões profissionais, tenho assistido a esta fase final do julgamento. Depois de ter acompanhado o processo no início do escândalo, volto agora, no final, a ouvir falar de casos (múltiplos e escabrosos) de crianças ou jovens abusados.
Tenho a série impressão de que a montanha vai parir um rato. O rato será o Carlos Silvino, acompanhado por meia-dúzia de condenados a pequenas penas que dificilmente serão maiores do que a pena suspensa.
A justiça é difícil. Provar estes factos no tribunal é quase impossível, mesmo não havendo dúvidas de que dezenas de miúdos foram abusados durante décadas: para Carlos Silvino era quase um desporto ou uma necessidade básica, como jantar ou almoçar. Além dele, os outros autores dos abusos continuarão a reunir vários grandes pontos de interrogação.
As últimas horas de alegações finais do julgamento parecem o totoloto. A acusação admite que não consegue dizer ao certo quantos crimes foram praticados. Sem números certos, vai pela estimativa por baixo. Na dúvida, dizemos que o aluno A. foi abusado pelo menos x vezes.
Os menores foram abusados, é certo, centenas ou milhares de vezes. Mas apenas se conseguem provar poucas dezenas de crimes.

10 comentários:

Anette disse...

Estou ansiosa para ver em que é que isto tudo vai resultar.

Anónimo disse...

cada vez mais me enoja determinados jornalistas.
Já se percebeu que as baterias da contra-informação se viraram para o'caso BPN'. O "24Horas", do grupo DN/TSF, foi agora descobrir um financiamento de 15 mil euros do Oliveira e Costa à campanha presidencial de Cavaco Silva. Pena que não se tenha lembrado que Oliveira e Costa financiou também a campanha presidencial de Mário Soares - segundo me dizem, a informação não vem na capa mas numa pequena notícia no interior do "Diário Económico". Cavaco, está visto, virou alvo em movimento. Já mete nojo a cambada de comunistas que utilizam o seu instrumento de trabalho para fazer propaganda.
ASSIM NÃO! SUSPENDAM A DEMOCRACIA!

Anónimo disse...

Ó Bruno para quando um post sobre o Zé Fernandes que dizia no seu slogan de campanha que fazia falta á cidade e que pelos vistos agora nao faz falta ao Bloco de Esquerda?

Estou a aguardar....

BHS disse...

Caro Tony, desta vez não sou eu o autor do post mas sim o nosso grande Guedes, e tu atacas violentamente o rapaz?!??!? Está mal!!!

Quanto ao que dizes, desculpa mas a manchete do 24 Horas é notícia e uma boa notícia, que posso garantir o Guedes tinha em mãos e que nós aqui na rádio tentamos saber junto do Tribunal Constitucional.

Achas que não é relevante saber quem pagou a campanha do teu Presidente da República ainda para mais depois de ele, de forma inédita, se ter demarcado do caso BPN??? É altamente relevante jornalisticamente e tem interesse.
Mais, tem interesse também saberes que o pedido de acesso a esta documentação feito plo Rádio Clube e plo jornal Público, ao que sei, foi como que diria, atrasado...

Por que terá sido???

Mais, esta notícia já nem é nova. Os financiadores das campanhas foram reveladas plos próprios candidatos durante a campanha, por pressão do Mário Soares. Depois a própria entidade de contas do Tribunal Constitucional revelou estes dados no final da campanha. Os mesmo dados que estranhamente agora omite!!! Essa informação foi avançada no Rádio Clube numa peça do jornalista Nuno Guedes.

São dados que ganham actualidade e relevância porque se trata de um Banco que teve de ser apoiado plo Estado depois das alegadas irregularidades.
Foram vários os antigos administradores dessse mesmo banco que deram donativos a esta candidatura presidencial. Se não achas revelante, vou encher este blogue de fotos da Triumph e da Lucy...

BHS disse...

Quanto ao Sá Fernandes é claro que se colou ao PS e a António Costa. E quase de certeza vai entrar nas listas do PS nas próximas autárquicas.
É essa a razão que leva o Bloco a retirar a confiança política ao ZÉ QUE FAZ FALTA.
Um destes dias, o Zé disse que a única coisa que não mudou em Lisboa foi ele. Não é verdade. Mudou algo, mas por que foi um homem que cumpriu o acordo estabelecido com o ps. Se o Bloco acha que ele não devia ter cumprido o que foi acordado então o Bloco não deveria ter assinado o acordo...

Mas isto é luta política pura e dura.
Falta menos de um ano para as eleições por isso o Bloco está a tentar demarcar-se do PS que é o poder. A essência do Bloco é a de um partido contra-poder.

NG disse...

Bruno, só uma correcção: os financiadores nunca foram declaradamente declarados pelas campanhas durante ou depois das mesmas pelos próprios ou pelo Tribunal Constitucional.

Os dados são acessíveis, mas apenas depois de muita pressão junto do TC.

E eu não acho relevante o Oliveira e Costa dar 15 mil euros ao Cavaco. Voltei a olhar para esse facto há dias, e só por isso, achei que não valia a pena fazer notícia. Ficaria uma coisa muito popularucha... sobretudo porque há muito mais doadores de outros bancos. 15 mil euros, para o Oliveira e Costa, são amendoins.

A notícia que fiz há uns meses tinha um ângulo quase sociológico, ao mostrar como a campanha de Cavaco foi substancialmente financiada por centenas de empresários e banqueiros (de todos os bancos), ao contrário dos outros candidatos presidenciais.

Para os interessados, aqui fica o link: http://radioclube.clix.pt/noticias/body.aspx?id=6356

Anónimo disse...

Bruno le a Constança Cunha e Sá no "Publico". Caso estejas entretido a fazer contra-informação, deixo-te um pequeno excerto da CCS no Publico.
"Não por acaso, ainda esta semana, o dr. Lello, esse maître à penser do primeiro-ministro, se sentiu obrigado a negar a participação do PS na campanha de rumores e de insinuações que foi criada à volta do prof. Cavaco Silva. E por que haveria o PS de estar envolvido numa campanha destas? Para disfarçar a incompetência do seu governador do Banco de Portugal, que se considera alvo de um "linchamento público" só porque não foi capaz de exercer as suas funções? Para desviar as atenções dos péssimos resultados da sua política? Para que não se saiba que o fabuloso Teixeira dos Santos foi considerado o pior ministro das Finanças da Europa pelo Financial Times? Para silenciar a crise na Educação e os protestos dos professores? Ou, voltando ao princípio, para fragilizar uma das poucas vozes deste país que o Governo não consegue controlar? Se a resposta não fosse óbvia, o dr. Lello não se teria sentido obrigado a desmenti-la. Há desmentidos que se desmentem a si próprios."

BHS disse...

Men, depois de ler o teu comentário acho que bateste todos os recordes da demagogia.
Guedes, o tempo deu-me razão. O pessoal do BPN financiou a candidatura do PR e do PS e actual PM.
Se no meio de toda esta confusão, isto não é notícia??? ... devo estar na profissão errada. É que não foi só o Oliveira e Costa, foram grande parte dos antigos administradores do BPN.

Com que dinheiro?? Do banco??? Deles???

NG disse...

O financiamento de um por valores modestos não é notícia. Vale uma frase num texto sobre o tema.
O financiamento conjugado de dois ou três por valores modestos já vale um título de chamada de primeira página num jornal a atirar para o popular, que é um genéro de jornalismo (CM, 24h, DN) que respeito e admiro imenso.

São opiniões. Mas nada disto (jornalismo) é uma ciência exacta.

BHS disse...

Camarada Guedes, concordo contigo na primeira parte. Na segunda, já não. Acho que este tema não é mais popular ou mais sério que outros. Para mim é uma notícia. Ponto.